quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ensaio Reynard 2KQ Sloting Plus

O Reynard 2KQ da Sloting Plus é um dos modelos mais esperados deste final do 1º semestre de 2010. Aquele fabricante apresentava já um catálogo de componentes técnicos de alto desempenho, pelo que era com natural curiosidade que todos aguardávamos, ansiosamente, este lançamento dentro de uma categoria que é, habitualmente, muito disputada e competitiva.

Foto 1

(esta foto foi retirada de www.sloting.com, espero que eles não se importem...)

Os minimodelos das categorias Le Mans, com as suas carroçarias largas e baixas e chassis planos e leves, são tipicamente muito eficientes, com uma condução excitante. Outras marcas têm lançado excelentes minimodelos nesta categoria. O primeiro modelo da Sloting Plus iria estar à altura da feroz concorrência? Nada melhor que umas voltas na pista do Clube de Slot de Braga para formar uma ideia sobre o assunto.


Foto 2

Antes de começar, convém conhecer a base que se vai utilizar. Normalmente não perco grande tempo na parte estética. Mas sem querer entrar em grandes detalhes a nível de escala e detalhes estático / estático (que para isso há blogues mais credenciados) parece-me que esta novidade da Sloting Plus está bem conseguida. É um belo minimodelo! Bem dimensionado, boas proporções… sim senhor! As rodas dianteiras são enormes. Tanto quanto consegue avaliar a minha pobre vista, estão à escala. Mas em pista são capazes de criar alguns problemas… rodas a “pisar” demasiado, frente levantada impedindo o patilhão de entrar completamente na calha... suspeito que haverá algumas saídas em frente à entrada das curvas.

Começando a biopsia…


Foto 3

Desapertando os dois parafusos que prendem a carroçaria ao chassis, um atrás do patilhão e o outro no extremo posterior do chassis, entre os pilares de suporte da asa posterior, a primeira coisa que se nota é a leveza da carroçaria. Impressionante. Sem ter balança de precisão, nem tentei pesar, mas fala-se de pouco mais que 15 gramas… impressionante! Claro que o facto da a asa traseira estar no chassis ajuda, mas não é tudo. O chassis é razoavelmente plano. Nunca vi um chassis de plástico novo absolutamente plano, julgo que nunca verei, não esperava que o do Reynard fosse excepção. Nada que uma banhinho de água quente não resolva!

O material que equipa o Reynard aparenta muito boa pinta. Monta, em ambos os eixos, eixos calibrados e jantes de aperto de 16,9mm de diâmetro por 8,5mm de largura, equipadas com tampões de belo efeito. O patilhão, aparentemente em poliamida (material robusto de muito baixo atrito) é de aperto por parafuso e tem leme avançado relativamente ao eixo. O motor, em posição angular, transmite o movimento ao eixo traseiro através de material já conhecido e comprovado, um conjunto de módulo M50, com pinhão de latão de 11 dentes e coroa de 32 dentes. Os casquilhos em latão permitem um rodar suave do eixo e têm folga radial quase nula.


Foto 4

A frente tem muito boa pinta! A profundidade do patilhão é próxima a 6,8mm, ideal tanto para pistas Carrera como Ninco. Na frente apreciam-se também os alojamentos para os parafusos M2 (não incluídos) que permitirão um ajuste preciso da altura do eixo dianteiro. Uma das características próprias do chassis é também o guiamento específico das cabos de alimentação ao motor. Bem jogado, Sloting Plus!


Foto 5

Na secção traseira do minimodelo pode apreciar-se a grande inovação deste chassis: o suporte de motor oscilante. Teoricamente deverá replicar o comportamento permitido pelos berços intermutáveis de outros fabricantes, mas sem que o berço seja realmente desmontável, ou seja, o chassis é uma peça única. As ranhuras no chassis começam ao lado do parafuso que se aprecia no canto inferior esquerdo da imagem, prolongam-se em delta até aos laterais, junto ao motor, e terminam numa ranhura transversal ao chassis logo após o eixo posterior. O suporte de eixos, esse sim é desmontável, e fixa-se por dois parafusos ao suporte flutuante do motor e por outros dois à secção terminal do chassis, próximo do furo de passagem do parafuso de fixação à carroçaria. Esta fixação permitirá um jogo de basculação entre o pseudo-berço do motor e o chassis, o que é um interessante ponto de preparação…

Observadas as “entranhas” da máquina, vistas as alturas do eixo dianteiro e traseiro, muni-me de material para fazer umas afinações ao lado da pista durante os primeiros ensaios…

Foto 6

Para o eixo dianteiro, um eixo de carbono e jantes plásticas de 16mm de diâmetro da Sloting Plus. Para o eixo traseiro, jantes de aperto de 15,8mm de diâmetro e pneus Scaleauto Goma RT 19x10mm. Mais umas palhetas finas Slot.it que levo sempre na mala, deve ser suficiente para umas primeiras “afinadelas”…

Foto 7

O Reynard tem mesmo uma bela pose. Baixinho como o costumam ser os LM’s, fica bem na pista…

Mas não foi à pista para ficar a ver as vistas, não senhor!. Escolho a calha verde, uma das mais rápidas do circuito CSB. Nesta calha, os mais rápidos do recém concluído Campeonato LMP 2010 rodaram em 8,339 segundos por volta. E os rapidíssimos LMP 2009, com motor Boxer e pneus de espuma chegaram a um fantástico 7,720 segundos por volta! Duvido que o Reynard chega lá hoje, mas fica pelo menos a referência.

Com o minimodelo totalmente de caixa (incluindo íman), começo a primeira sessão de voltas. Com o punho DS Witec regulado no banco de curvas de velocidade na posição 9, travão a 70% e anti-spin a 10%, ao fim de 5 minutos rodava sistematicamente perto dos 9 segundos por volta e com melhor volta em 8,953. Nada mau! O comportamento do carro é sereno e neutro. O efeito magnético não é acentuado, permitindo gatilhar de forma natural. O punho teve que ser afinado diminuindo o travão e com uma entrega vigorosa em aceleração, mas esperaria que fosse necessário utilizar uma curva mais radical. Os pneus não se portam mal, mas nesta configuração suspeito que a aderência é devida, sobretudo, à barra prateada debaixo do eixo traseiro e não às qualidades da goma…

Hora da verdade. É tempo de tirar o íman e ver como se porta a máquina! Olhando para a pose do Reynard na pista, temo que vai ser um fartote de saídas de frente. Rodas grandes à frente, frente levantada (apreciável na foto 8) e ausência de íman, a coisa promete…


Foto 8

Começo a rodar, regulo o punho para a curva 6, travão aumenta um pouco para 90% e anti-spin para 30%. O Reynard porta-se melhor que o que eu esperava. Claro que não rodo nos mesmos tempos, (quase 1,5 segundos mais lento), mas não é propriamente inconduzível. Acaba mesmo por ser agradável. Ficou um pouco mais barulhento. Suponho que seja das grandes rodas dianteiras a tocar na carroçaria. Estas mesmas rodas grandes que, de tanto apoio, fazem a frente saltar em recta e perder direcção à entrada das curvas, não perdoando qualquer travagem falhada. O ritmo que imponho é calmo, não quero partir o brinquedo novo! Ao fim de mais uma sessão de 5 minutos o melhor tempo ficou em 10,21 segundos.

Paragem para umas gotas de lubrificante e mudança de rodas da frente. Monto umas jantes de 15,8mm, com pneus Z0 baixo perfil. As rodas nem tocam na placa! Desaperta-se um pouco a carroçaria para facilitar a basculação. De novo na pista, a diferença é notável. O barulho que ouvia antes desapareceu. A frente está mais segura, permite mais confiança. Mesmo assim algumas saídas, tanto de frente na entrada das curvas, como por chicotada à saída da curva, mas estas não sei se foram do carro ou do dedo… Seja como for, o Reynard mostra-se muito equilibrado. Os pneus traseiros parecem-me aceitáveis. Nestas primeiras voltas o seu comportamento assemelha-se ao de uns P6 novos. Não é mau. No final dos 5 minutos a melhor volta fica em 10,04 segundos, rodando confortavelmente em 10,1. O punho apenas foi ajustado no anti-spin, agora em 20%.

Terceira paragem para mudanças mais radicais. Troquei o chassis por outro montado com o material escolhido e mais umas “maldades”. Uns casquilhos RRSS Victor's colados ao chassis e uma cremalheira de 24 dentes. Com a coroa com menos dentes trava menos, posso regular o punho para 100%. O Reynard começa a rodar com outra soltura. Os pneus fazem notar que ainda são novos, com pouca tracção. Mesmo assim consigo utilizar a curva 7, com anti-spin a apenas 20%. Mas de facto os pneus Scaleauto RT escorregam um pouco, com um som característico ao derrapar. Alivio um pouco os parafusos do suporte do motor. Fica mais seguro. Os 5 minutos passam num ápice. O Reynard é uma delícia de gatilhar. Muito sereno, inspira confiança. Rodei tranquilo em 9,6 segundos. O melhor tempo fica em 9,594 segundos, o que é um bom indicador para um minimodelo que teve 15 minutos de testes, com material escolhido a “olhómetro”…


Foto 9

Conclusão: um minimodelo bem conseguido sobre todos os aspectos. Esticamente está muito realista, o que deverá agradar aos slotistas mais virados para o coleccionismo. Mas o slotistas mais competitivos e que retiram mais prazer de preparar o minimodelo do que olhar para o mesmo numa estante também ficarão agradados. O Reynard demonstrou ter nascido muito bem, com um conceito inovador e interessante e mais, que funciona. É um minimodelo agradável de gatilhar desde a sua saída de caixa. Não é propriamente um “ready to run”, mas na realidade ainda não conheci nenhum minimodelo que o fosse verdadeiramente, mesmo os que assim se auto denominam. No entanto, o que lhe falta para ser extremamente competitivo parece ser muito pouco. Não em questão de qualidade de material, porque o original, esse, é excelente. Apenas uma questão de dimensões adaptadas à pista onde vai ser gatilhado. O 1º lançamento da Sloting Plus é um minimodelo que apresenta um potencial de preparação muito interessante. As competições que estão previstas com este Reynard, tanto as 24 Horas do Porto como o Troféu Inter Clubes CSB – GT Team antecipam-se extremamente competitivos, fruto de uma excelente base de competição.

Boas gatilhadas!

MPQ

13 comentários:

Augusto Amorim disse...

Viva Miguel,

Excelente apresentação/pré-teste deste novo minimodelo. Parabéns.

Conconrdo contigo quando referes que não existe nenhum modelo RTR (Read To Run). Até porque, como é o caso deste, esses auto-denominados RTR são desenvolvidos para pistas com "piso" Ninco. Penso que deve ser por este facto que o chassi deste minimodelo é tão flexivel.

Também já dei umas volstas no GTTeam. Utilizei uns pneus novos slot.it P6 em jantes 15,9. Constatei que a traseira fica demasiado solta, escorregando bastante. Conforme o Pneu foi ganhando aderencia passei de uns frustrantes 8.7/8.6 para uns razoáveis 8.1/8.2 na calha verde.

Vamos ter que evolui-lo bastante.

Abraço
Augusto

Emídio Rocha Peixoto disse...

Artigo muito completo, parecendo mesmo que estamos a ter uma agradável conversa com o nosso amigo Miguel Queirós.
Muito bem MPQ!
Quanto a mim, ainda não tenho opinião formada por não ter rolado ainda com o carro devidamente preparado em pista Carrera. Já rodei com o mesmo em pista Ninco e posso afirmar que o mesmo tem um comportamento ao mesmo nível de qualquer modelo NSR.

Um abraço slotista,
Emídio Peixoto.

Miguel Queirós disse...

Boas.

Obrigado pelos comentários.

Com este artigo não pretendia elaborar um guia de preparação, apenas avaliar as potencialidades do Reynard. E a conclusão é que de facto este minimodelo tem um potencial imenso. Apenas com uma pequena troca de componentes e umas voltas em alguns parafusos o comportamento modifica-se bastante.

Como dizes Augusto, o chassis é bastante flexível. Mas parece-me menos que um NSR ou mesmo um Spirit. E mais que um Ninco. Diria que é próximo a um Slot.it. Talvez um pouco mais flexível.

Emídio, diria que em pista Carrera será tão bom, senão melhor que um NSR (e estou a pensar no Mosler). Porque, como digo acima, parece-me que o chassis é um pouco mais rígido que os da NSR, sem ser excessivamente.

Mas o que achei mesmo muito bom, foi a sensibilidade do chassis a afinações.

Com os pneus Scaleauto novos tive a mesma sensação que comentas Augusto, de traseira solta. Mas aliviando os parafusos posteriores e os de fixação do tirante dianteiro do falso berço notei uma melhoria.

Suspeito que estes parafusos do tirante actuam na flexibilidade do berço relativamente ao chassis, actuando como uma regulação de dureza. Como quem actua na dureza de uma suspensão. Se assim for (e se não for apenas impressão minha) esta regulação poderá revelar-se fundamental para ter uma máquina afinada e eficiente.

A Sloting Plus acertou em cheio, com um excelente modelo para competição.

E o Troféu que se avizinha vai ser excelente para fazer evoluir estas máquinas ao máximo. Estou curioso em ver quais as direcções de desenvolvimento que os habituais "artistas do faralhanço" do CSB vão seguir... LOL!!!

Boas gatilhadas.

Emídio Rocha Peixoto disse...

Então, com tanto elogio ao modelo da Sloting Plus, atrevo-me a perguntar se não seria possível que o responsável do GT Team e o responsável do Clube Slot de Braga pedissem um patrocínio oficial ao representante da marca em Portugal, já que será na prática o primeiro campeonato Inter-Clubes com o primeiro modelo da marca...
Fica a ideia para o Augusto Amorim e para o Miguel Queirós e o António Maia! ;)
Um abraço slotista,
Emídio.

Pedro Correia disse...

Boas

Emídio, metendo a minha foice em seara alheia, lembro que foi proposto, precisamente pelo importador, a realização deste troféu, em troca um desconto nos carros e material de preparação, desconto esse que o Augusto teve a amabilidade de transpor nos preços de venda. Não sendo muito, é bastante melhor do que estamos habituados...

Augusto Amorim disse...

Emídio,
Tal como o Pedro referiu, o Importador atribui-me um desconto na condição de comprar mais do que 12 carros e de realizar um troféu com os novos modelos. Decidi fazer o mesmo desconto para os clientes (principalmente os que participarão no troféu). Relembro que o preço de venda do carro é de 54€. Estou a aplicar o desconto de 4% que me foi concedido. Por isso estou a comercializa-los por 51,80€.
Abraço

Abraço
Augusto

Hugo Figueiredo disse...

Um bom regresso dos artigos técnicos ao blogue do CSB ! :)


Depois do bom trabalho de escrita do Miguel, apenas acrescento os meus pontos de vista pessoais dos primeiros ensaios ao Reynard:

- Nunca tinha utilizado transmissoes da Sloting Plus e tenho de concordar com o importador: suave que impressiona! Impressionou-me bem mais do que a já suave engrenagem da NSR para os Mosler em anglewinder (quando as peças sao novas, porque o aço da cremalheira parece ser muito duro para o bronze do pinhao e o desgaste resultante provoca perda de suavidade... e silencio :)

- Quanto ao motor, confesso que ainda nao me encheu as medidas. Olhando para as especificações, estava à espera de um motor abaixo de um Boxer 2 mas talvez acima de um NC-6, mas para já, ainda não deslindei a melhor forma de o explorar. Parece um motor tipo sidewinder, com um funcionamento "interruptor" (ou zero, ou máx.), mas menos bruto na entrega.

Emídio Rocha Peixoto disse...

Rodei com o carro na noite de ontem na pista Carrera do Clube Slot de Braga, com o carro equipado com jantes 16,9 x 8 e pneus Scaleauto RT Soft 19x10 por colar e a surpresa foi magnífica... pela positiva.
Com muito bom e com um comportamento excelente!
Gostei sinceramente do carro, principalmente rolando com pinhão de 12 dentes e cremalheira de 28 dentes.

Temos carro!

Um abraço slotista,
Emídio.

Miguel Queirós disse...

Boas.

Emídio, concordas então que os elogios foram merecidos, certo? Como sempre, tentei fazer uma análise isenta. Mas o que é para elogiar, elogia-se!

Como já disse, o que mais me surpreendeu (e agradou) foi a sensibilidade do chassis a afinações. Notam-se!

Quanto à questão que o Hugo refere do motor, senti um pouco o mesmo. Não comentei porque tendo o motor apenas as voltas do teste, considerei que com um pouco de rodagem o motor deverá soltar-se e as sensações serão seguramente diferentes.

Boas gatilhadas.

Hugo Figueiredo disse...

Outro aspecto do motor é o rápido aquecimento e passagem a sobre-aquecimento. Não sei se será pelas temperaturas que se fazem sentir (quando o testei, estava a pingar suor) ou pelo facto de ser um motor de caixa aberta mas tapada pelo invólucro vermelho.

O regulamento das 24 Horas não refere se é permitido abrir a "janela" do motor para refrigeração...

Mota disse...

Olá Miguel.

Parabéns pelo excelente trabalho aptresentado.

Só gostaria de chamar à atenção, de que os "M2" para o eixo da frente, também são fornecidos, na base da caixa.

Um abraço

Miguel Queirós disse...

Boas.

Mota, obrigado pela correcção. Já averiguei e, de facto, lá estavam os M2 seguros por uma tira de fita cola (sic!), a mesma que segura a chave allen que também é fornecida com o Reynard.

Parece que o método não é muito seguro, a ponto de ter sido corrigido. Aparentemente, em algumas caixas a tira de fita cola foi substituída por... duas tiras de fita!!! isto é que é "melhoria contínua"... lol!!!

Boas gatilhadas.

Hugo Figueiredo disse...

Pois, eu tive o azar de ser um dos comtemplados com uma só tira de fita, razão pela qual só encontrei 3 parafusos... :)